Durante todo o ano de 2019, a Prefeitura de São Francisco do Conde, através da Secretaria Municipal da Educação (SEDUC), irá construir coletivamente o Referencial Curricular do município. Nessa jornada, que inclui 22 Grupos de Trabalho, com a participação de toda a Rede Municipal de Ensino, foi convidado o professor Dr. Roberto Sidnei Macedo para prestar assessoria técnica, uma vez que ele é um dos maiores especialistas do tema no país.
Assim, na manhã da última quarta-feira (03), no Auditório 02 de Julho, aconteceu um encontro entre os membros e coordenadores dos Grupos de Trabalho com o professor Roberto Sidnei, Pós-doutor em Currículo e Formação pela Universidade de Fribourg, na Suíça, e em Teoria do Currículo pelo Instituto de Educação da Universidade de Minho, em Portugal. Ele expôs o tema “Currículo, política de currículo, trabalho e formação de professores: necessidades, desafios e propostas”.
“Todo começo de trabalho curricular significa um encontro com as pessoas e tudo o que esse encontro vai produzir. A gente chama isso de conversações curriculantes. Todos nós envolvidos em currículo temos alguma coisa a dizer, mas para isso é preciso ter debates, conversas, consensos e curto circuitos. As conversações curriculantes é o que começamos a fazer com esses encontros. A última palavra do currículo é a do encontro com a singularidade e com as experiências. É na conversa e no encontro com os implicados que as soluções serão encontradas”, declarou o Prof. Dr. Roberto Sidnei Macedo.
A diretora pedagógica da SEDUC, Cristiana Ferreira, afirmou que a oportunidade era propícia para pensar as questões conceituais pertinentes ao tema. “Várias perspectivas nesse fazer curricular são possíveis para sua efetivação e precisamos pensa-las durante sua construção e implementação. São vários fazeres dentro desse fazer, que não ficará restrito a apenas um documento. É importante que percebamos todas as fases que a gente precisa viver, como revisar a nossa matriz curricular, a orientação com relação à construção do PPP – Projeto Político Pedagógico das escolas e a perspectiva da formação de professores”.
Segundo Cristiana, “a ideia é que esse documento tenha vida. A gente precisa pensar também em sua aplicabilidade. Não adianta falar de pertença e identidade se não tivermos materiais didáticos para trabalharmos em sala de aula”. A diretora pedagógica também reiterou a abertura constante ao diálogo e a felicidade com a presença do professor Roberto Sidnei “para enriquecer com a gente”.
Nesse sentido, o professor Roberto Sidnei Macedo conceitua o Currículo “como uma invenção pedagógica como um artefato socioeducacional construído e em constante construção, que se configura nas ações de conceber/selecionar/organizar/institucionalizar, implementar/dinamizar/avaliar saberes, saber-fazer, atividades e valores, visando possibilidades formativas”.
A construção de um referencial curricular municipal é pautada em uma política pública, “uma norma a qual estamos implicados”, explicou o professor Roberto, que enfatizou a felicidade em estar reunido com a Rede Municipal de Ensino. Para ele“currículo sem implicação de professores é política pela metade. Não se debate currículo sem formação de professores. Quando a SEDUC, o secretário Marivaldo do Amaral, Cristiana e Carol me colocam a necessidade de um trabalho com os professores, isso me mobiliza e me deixa feliz, pois é uma reivindicação política do nosso grupo de pesquisa. Os GT’s irão trabalhar conosco, fazer currículo sem o outro sempre foi uma crítica dura nossa”.
A economia do conhecimento é um campo de disputas e uma pauta do poder. Nesse sentido, o Currículo é uma arena de disputas, um local de embates. Não há neutralidade nas relações de saber. “Por que fazer determinada opção por esse conhecimento e não outros?”, questionou Roberto Sidnei. “Por exemplo, ao discutir Ensino Religioso é preciso ter todo o cuidado porque estamos na Bahia e essa discussão precisa ser tocada com muito cuidado e com muito zelo. Precisamos de uma Educação ecumênica e dialógica para não produzirmos silenciamentos. O mundo regido pela economia dos conteúdos a serem aprendidos se torna uma disputa que pode gerar justiça ou exclusões”, destacou.
“A importância desse debate se dá porque o conhecimento é pauta de poder de um modo nunca vivido antes, mesmo que Francis Bacon tenha dito que ‘saber é poder’ no século XVII. Há um poder que emana desse campo pedagógico. É uma pauta de extrema importância do contemporâneo, com uma pluralidade de interesses”, reafirmou Roberto Sidnei.
“Qual o nosso papel nisso tudo, nesse processo de construção do currículo? Porque esse conhecimento e não outro? O que significa etnocurrículo?”, foram algumas questões levantadas pelo professor. De acordo com ele, o micro e o macro não são categorias que se dicotomizam. “O currículo franciscano precisa ter uma sensibilidade ‘glocal’: global e local. No mundo de hoje não é possível não ser assim, devido às novas tecnologias da informação e da educação, as quais o currículo não pode virar as costas, pois é algo fundante do contemporâneo”.
Para a coordenadora pedagógica da Creche Municipal Isidória Borges, Liliane Souza de Assis, integrante do GT de Educação Infantil, “o encontro foi interessante e provocador! Momento essencial diante do cenário que estamos vivendo. As questões colocadas pelo professor Roberto Sidnei irão somar ainda mais para o debate e elaboração de um currículo franciscano, com potencial formativo para todos nossos estudantes“.
Fonte: http://saofranciscodoconde.ba.gov.br/curriculo-em-pauta-profissionais-da-rede-municipal-de-ensino-participam-de-palestra-com-o-professor-dr-roberto-sidnei-macedo/
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